Introdução a Comunicação
Porque o homem
é um ser essencialmente político, a comunicação só pode ser um ato político,
uma pratica social básica. Nesta prática social é que se assentam as raízes do
Direito, conjuntos de normas reguladoras da vida social.
Aceito, então,
que o Direito desempenha papel político, função social, pode-se dizer que suas
características fundamentais são generalidade(que não se confunde com
neutralidade) e alteridade(bilateralidade).
Linguagem verbal e não verbal
Linguagem
verbal se remete a fala, a escrita, o uso da plavra como instrumento de
comunicação é regido por um código específico, esse código é a língua.
Língua Falada x Língua Escrita
A língua falada
tem características de vocabulário restrito e repetições de palavras, emprego
de gírias e neologismos, subjetividade e uso de expressões emotivas, sintaxe
simples e frases inacabadas.
A língua
escrita tem característica de vocabulário amplo e variado, emprego de termos
técnicos, objetividade e ausência de expressões
emotivas, sintaxe elaborada e frases construídas com rigor gramatical.
Modelo Informacional
Foi o primeiro
grande modelo teórico da comunicação e que, foi predominante por algum tempo,
foi o modelo informacional, de Shannon e Weaver. Nele, a comunicação está
centrada na transmissão de informação, ou seja, todo ato comunicativo
seria uma troca de informação, sendo essa definida como “todo
sinal capaz de provocar reações no comportamento de um dado sistema”.
Percebemos, assim, que esse modelo está centrado numa concepção racionalista,
que supervaloriza o conhecimento ( a informação em detrimento de outros
aspectos).
No esquema do
modelo informacional, o comunicador envia uma mensagem ao transmissor, que
transforma a mensagem em sinal, que, por sua vez, é transmitido por meio de um
canal e decodificado pelo receptor, chegando, então, ao destinatário, visando a
influência de um sobre o outro.

Paradigma Informacional
Neste modelo,
comunicar é transmitir informação, excluindo, assim, outras funções, o foco é o
meio de comunicação, e a comunicação é unidirecional.
Perspectiva Culturalista
Com o avanço
dos estudos da perspectiva culturalista, fez que o modelo teórico da
comunicação (Paradigma Informaciona) entra-se em crise na década de 1970. A
principal critica que se faziam ao modelo teórico da comunicação(Paradigma
Informacional) é que nele o comunicador e o receptor(sujeitos envolvidos no ato
de comunicar) são coicificados. Já o modelo cultural, a comunicação não é uma
troca de informações, mas sim uma troca simbólica , por meio da qual os homens
expressam pensamentos, sentimentos, valores , etc.

O emissor ou
remetente é responsável pela emissão da mensagem.
O receptor ou
destinatário recebe a mensagem enviada
pelo emissor.
O canal de
comunicação ou contato é o meio utilizado pelo emissor para transmitir a
mensagem ao receptor.
A mensagem é
aquilo que se pretende transmitir ao receptor.
O
código é o conjunto de signos combinados entre si transmitir a mensagem
recebida.
O
referente é a situação contextual a que se refere a mensagem.
Há
de se observar que diversos fatores impedem a comunicação entre emissor e
receptor. Todo elemento que interfere na comunicação dos interlocutores recebe
o nome de ruído, ou seja, ruído é qualquer obstáculo que impede a comunicação,
a compreensão da mensagem transmitida.

1. Identifique,
no habeas corpus acima, os seis elementos do ato comunicativo jurídico.
a) emissor: é o
autor do requerimento, Eutanásio Boamorte; ele é o destinador, o produtor, a
fonte da mensagem.
b) receptor: é
o juiz de Direito; a mensagem lhe é enviada; ele é o destinatário.
c) mensagem:
coação ilegal.
d) referente:
ato prisional.
e) código: é a
linguagem verbal – escrita em língua portuguesa.
f) canal : no
caso, o canal é a folha, o papel em que se faz o requerimento . O Habeas Corpus
pode ser impetrado por telefone ou telegrama; então poderá ser o telefone ou a telegrama.
Funções da Linguagem
1.
Emotiva:
centrada no remetente. Enfatiza o papel do emissor.
2.
Referencial:
centrada no contexto. Busca de argumentos (inventio) e organização de
argumentos (dispositivo)
3.
Conativa
ou Apelativa: centrada no destinatário. Ação do emissor para persuadir e
convencer o receptor
4.
Poética:
centrada na mensagem. Enriquecer a comunicação com forma de mensagem.
5.
Fática:
centrada no contato. O objetivo é o mesmo: despertar a atenção do receptor
(auditório).
6.
Metalinguística:
centrada no código.
Teoria sociointeracionista da linguagem
A linguagem é
social e interativa;
Sendo a
linguagem uma prática social, interessa para Bakhtin pensar em como os falantes
realizam esta prática. Nesse sentido, criticando os modelos comunicacionais, o
autor afirma que o ouvinte tem um papel ativo nas interações linguísticas, e
não passivo, como afirmam esses modelos - prática dialógica.
De acordo com o
autor, um enunciado “dialoga” com enunciados que já foram produzidos e também
com aqueles que ainda serão produzidos.
Dessa forma,
podemos dizer que a teoria Sociointeracionista da linguagem inova ao rever três
aspectos: o papel do
destinatário/receptor/ouvinte na comunicação, dizendo que esse tem um papel
ativo, e não passivo; a própria noção de
comunicação, que deixa de ser unidirecional e passa a ser dialógica; e a noção de língua, que deixa de ser tratada
como instrumento de comunicação para ser tratada como um meio de interação
social.

Contudo,
percebemos aqui que o falante permanece como a fonte das escolhas linguísticas
e que a situação ou o contexto é determinado por fatores sociais. Esses dois
aspectos são tratados de maneira diferente por outra teoria enunciativa: a
Análise do Discurso.
Analise do discurso
AD tem como
ponto de partida a conciliação entre três campos disciplinares:
·
a
Linguística: noção de língua (a língua não é 'transparente'; é um acontecimento
histórico)
·
o
Marxismo: materialismo histórico;
·
a
Psicanálise: o inconsciente.


Para
a AD não interessa a noção de falante empírico, ou seja, a pessoa que enuncia,
mas sim a noção de sujeito, pois é o modo como o homem se constitui em sujeito
que determina a realização dos seus discursos. E é por meio do discurso que é
possível ter acesso a esse sujeito e à sua relação com o real natural e social.
Formação
imaginária
É
a imagem que o sujeito faz de si e do outro, ou seja, o imaginário com o qual
ele se identifica ou não.
As
formações imaginárias são determinadas por dois mecanismos:
1.
a capacidade de o sujeito se antecipar ao seu interlocutor, ou seja, de se
colocar no lugar dele para saber como dirigir seu discurso;
2.
as relações de força que são determinadas historicamente e que determinam o
lugar de onde se fala.
Por esse
motivo, em vez de estudar o discurso simplesmente como uma determinação social,
a AD entende que o discurso é determinado tanto pela história quanto pelo
inconsciente, na medida em que as relações de força são determinadas pelas
ideologias que marcam os diferentes períodos históricos, e os sujeitos se
identificam com essas ideologias, sendo determinados por elas, de modo inconsciente.
Importância da
AD
A importância
dessa teoria está em propor um novo olhar sobre o discurso (que pode se
materializar em textos escritos ou manifestações orais), capaz de identificar
as diferentes ideologias que marcam uma sociedade e que sustentam os seus
discursos, uma vez que, ao interpretar um discurso, a AD deseja saber não O QUÊ
é dito, mas sim COMO algo é dito.
Os gêneros do discurso
A língua é
utilizada por meio de enunciados concretos (orais ou escritos) que repetem uma
estrutura com características típicas chamados de gêneros do discurso.
Exemplos:
Atendente de telemarketing; Consulta médica; Programa jornalístico.
Os gêneros do
discurso refletem as condições específicas de cada uma das esferas de atividade
humana, bem como as suas finalidades, por meio dos três elementos que os
constituem: o conteúdo (temático), o
estilo verbal empregado (seleção dos recursos da língua) ; a construção
composicional.
Domínios discursivos e documental e
jurídico
Os domínios
documental e jurídico englobam textos cuja finalidade é desencadear ou
registrar alguma ação que tenha valor legal.
Domínio
jurídico: constitui-se pelos textos que compõem um processo judicial e seus
atores têm necessariamente representação jurídica.
Domínio
documental: constitui-se de textos que podem compor um processo judicial, como
uma prova, por exemplo.
Domínio
Jurídico
|
Domínios
Documental
|
Petição
|
Cartas
formais
|
Sentança
|
Atas
|
Recurso
|
Ofícios
|
Decisão
judicial
|
Abaixo-assinados
|
Gênero textual X tipo textual
Gênero textual:
constituem-se como os textos concretos, realizados de acordo com um estilo, um
tema e uma estrutura composicional própria, que se repete.
Tipo textual:
dizem respeito especificamente à estrutura composicional do texto.
Assim, um
gênero textual pode ser estruturado a partir de um ou mais tipos de texto.

Cada um desses
gêneros tem uma estrutura própria que caracterizam esses gêneros. Observe:
- Interlocução:
os envolvidos em um processo jurídico.
- Finalidade:
solicitar a execução de uma ação jurírica ou lei, concessão de algum
benefício...
- Estrutura: a
estrutura para alguns dos gêneros textuais jurídicos é bastante rígida e
fundamentada na tradição.
- Estilo:
emprego da norma culta, do registro formal, uso de tom impessoal, uso de termos
técnicos do Direito e uso de termos que denotam polidez.
Comunicação e Discurso Jurídico
Considerando
que a argumentação é essencial para o exercício da profissão trataremos aqui de
tópicos importantes para que você aprenda a construir discursos argumentativos
consistentes, tais como:
a relação entre
comunicação, argumentação e Direito;
os três
elementos essenciais da Retórica (orador, auditório e argumentação);
as condições
para a adesão de um argumento;
os conceitos de
lógos, éthos e páthos;
a argumentação
objetiva e subjetiva;
O discurso argumentativo
A argumentação
tem sido estudada há séculos, desde a Antiguidade Clássica, sendo um de seus
principais teóricos Aristóteles, com seus estudos de Retórica.
“a retórica é,
de certa forma, filha da democracia”, uma vez que um discurso argumentativo se
impõe, sempre que há ao menos dois pontos de vista distintos sobre uma dada
questão relevante para a sociedade.
Relação entre comunicação, argumentação
e direito
A comunicação é
vista como o meio pelo qual os homens podem se compreender e chegar a acordos.
O Direito se
coloca como o mediador dos dissensos.
Isso não
significa que o dissenso simplesmente desapareça com as normas jurídicas, mas
apenas que um posicionamento é tomado como regra.
Nesta luta por
regulamentação dos princípios e valores que devem guiar a vida em sociedade, a
argumentação, ou mais precisamente a Retórica, é a arma fundamental.
Argumentar é
“construir um discurso que tem a finalidade de persuadir”.
Persuadir x
convencer.
Esta ação
ocorre por meio da enunciação e, nesse sentido, envolve três elementos, que, na
Retórica, são chamados, respectivamente de:
I – orador
(emissor)
II - auditório
(receptor)
III –
argumentação (mensagem)
1.
Orador
Segundo Aristóteles, há três razões que
inspiram confiança no orador e que portanto o descrevem. São elas:
a phrónesis (que corresponde ao bom senso,
à prudência, à ponderação),
a areté (que corresponde à posse de
virtudes, como: coragem,
justiça, sinceridade),
a eúnoia (que corresponde à
benevolência, à solidariedade).
O orador pode fundamentar seu discurso
em uma dessas três razões, dependendo do modo como deseja persuadir seu
auditório.
Se utilizar predominantemente a
phrónesis, construirá seu discurso com base no lógos, ou seja, em argumentos
razoáveis, que podem ser provados e mais dificilmente questionados.
Se utilizar a areté, fundamentará seu
discurso no éthos, ou seja, na imagem que constrói de si, e é esta imagem que
irá garantir a persuasão.
Por fim, se utilizar a eúnoia,
fundamentará seu discurso no páthos, ou seja, na construção de uma relação de
simpatia com o seu auditório.
·
Phrónesis
“Lula bateu um recorde histórico de
popularidade durante seu mandato, conforme medido pelo Datafolha. Programas
sociais como o Bolsa Família e Fome Zero são marcas de seu governo, programa
este que teve seu reconhecimento por parte da Organização das Nações Unidas
como um país que saiu do mapa da fome. Lula teve um papel de destaque na
evolução recente das relações internacionais, incluindo o programa nuclear do
Irã e do aquecimento global.”
·
Areté
Luiz Inácio Lula da Silva, é um
político, ex-sindicalista, ex-metalúrgico brasileiro, nordestino, filho de
lavradores analfabetos, foi vendedor de laranjas aos sete anos, abandonou a
escola pois tinha que trabalhar, não cursou ensino superior, perdeu o filho e a
mulher, ficou muito tempo desempregado e chegou a passar fome, perdeu um dedo
em um torno mecânico, perdeu quatro eleições, ...
·
Eúnoia
“Durante a campanha não fizemos nenhuma
promessa absurda. O que nós dizíamos, eu vou repetir agora, é que nós iremos
recuperar a dignidade do povo brasileiro. Recuperar a sua autoestima e gastar
cada centavo que tivermos que gastar na perspectiva de melhorar as condições de
vida de mulheres, homens e crianças que necessitam do Estado brasileiro.”
2. Auditório
Corresponde ao alvo do discurso;
Assim, para que sua argumentação seja
eficaz, ou seja, convença, é preciso que o orador conheça bem o páthos do seu
auditório, o estado de espírito ou a disposição dos sujeitos para ser/fazer
isto ou aquilo (FIORIN, 2010).
Apesar de cada auditório ser particular,
Fiorin (2010) lembra que há um auditório não especializado, que é chamado por
Bakhtin de auditório médio.
3. Argumentação
A comunicação envolve a necessidade de
adesão ao que foi comunicado. A adesão irá depender de três condições:
Legitimidade: autoridade
Credibilidade: ser levado a sério
Persuasão: levar o outro a aderir ao que
se fala.
A importância do ponto comum.
4. Observação: A argumentação pode ser
dividida em dois grandes tipos: a argumentação objetiva e a argumentação
subjetiva.
a argumentação objetiva os argumentos
usados podem ser mais facilmente provados e a partir dos quais podem ser
estabelecidas relações lógicas, difíceis de serem contestadas.
a argumentação subjetiva os argumentos
usados não estão fundamentados por relações lógicas, mas sim por meios que
despertam a comoção e a emoção tanto do orador quanto do auditório
(principalmente).
Organização
do discurso
O discurso é caracterizado pela Retórica
Clássica a partir de cinco operações. Vejamos cada uma delas:
• Inventio: a escolha do que dizer;
• Dispositio: o modo como se organiza o
discurso;
• Elocutio: a escolha do estilo que será
usado no discurso;
• Actio: o modo como o discurso será
enunciado (entonação, ritmo, pausas, etc.).
• Memoria: guardar o discurso na
memória, memorizar. Diz respeito à escrita.
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